O compromisso com o
fazer pedagógico
Não basta ler Paulo Freire, é preciso
pô-lo em prática.
Ontem, 20 de agosto, à noite,
participei do I Festival Folclórico e da Cultura Tourense, a convite da
Secretaria de Educação do município de Touros.
Na abertura do evento cantei o Hino
de Touros, de autoria do prof. Ivanildo Cortez, e na sequência cantei
“Tarrafas”, um poema de autoria do folclorista Deífilo Gurgel, falecido em 2012.
O poema foi musicado pelo meu parceiro musical Iúri de Andrade, jovem que teve
a vida ceifada quando fazia residência médica no estado do Ceará, ainda
estudante universitário; na sequência cantei algumas canções de minha autoria.
Após minha apresentação assisti a
algumas outras apresentações que aconteceram dentro da programação; minha
memória ativava as lembranças da 1ª Semana de Cultura, realizada em janeiro de
1988.
Percebi que o evento era,
prioritariamente, para o alunado do município, tão carente de opções culturais,
mas a presença desse público era tímida.
A postura de descompromisso com o
fazer pedagógico não se justifica nem em caso de divergências políticas que
porventura possam existir.
Em tese, alunos e corpo docente das
escolas públicas do município eram para estar presentes ao evento e não alunos dispersos
nas praças públicas da cidade, aguardando a hora de retorno para suas
residências.
Essa seria uma oportunidade ímpar de
um trabalho interdisciplinar nas variadas disciplinas contempladas no currículo
escolar do Ensino Fundamental.
A atividade de sala de aula não pode
cair no burocratismo do simples cumprimento de horário, para atender às
exigências da legislação.
Touros precisa crescer
qualitativamente e são a educação e o fazer pedagógico, os instrumentos revolucionários
de mudança e de transformação para esse contexto tão almejado e desejado.
Além desse crescimento qualitativo
faz-se necessária e urgente a formação de público para aprender a ouvir,
respeitar e valorizar as manifestações culturais de seu próprio chão.
É preciso que repensemos os nossos
conceitos e valores para que possamos contribuir com mudanças significativas.
Como diz o poeta Ivanildo Penha, no
encarte do CD Touros: “...um povo que não tem memória é um povo que não tem
história, um povo que não tem passado, é um povo que não terá futuro”.