Na contracapa do CD Touros - Ivanildo Penha e Convidados, lançado no ano 2000, está a seguinte mensagem: “...um povo que não tem memória é um povo que não tem história, um povo que não tem passado é um povo que não terá futuro”.
Os anos de 1988 e 1989 foram de verdadeira efervescência cultural para a cidade de Touros. Inicialmente houve de 03 a 09 de janeiro de 1988, em palanque montado na praia, a primeira Semana de Cultura, com variadas apresentações (mamulengueiro Chico Daniel, Companhia teatral Alegria, Alegria, Babal, Pedro Mendes e o compositor, conhecido nacionalmente, Bráulio Tavares, além das atrações locais e exposições artesanais, etc.). No ano de 1989 as apresentações foram no Circo da Cultura, da Fundação José Augusto – FJA, montado ao lado do atual ginásio de esportes.
Ainda em janeiro de 1989, foi criada a Fundação Cultural José Porto Filho, idealizada pelo médico Ivanildo Penha, que foi a grande responsável pela edição dos dois produtos culturais existentes na cultura tourense: a reedição do livro do poeta José Porto Filho e o CD Ivanildo Penha e Convidados.
Todas essas ações contaram com a participação efetiva do professor João Bosco Teixeira, do médico Ivanildo Penha, do bancário aposentado Iran Potiguar Barroso e dos jornalistas Roberto Patriota e Luiz Penha.
Nesse mesmo período foi adquirido, por iniciativa de Ivanildo Penha, o casarão em que residia o senhor Manoel Cândido, e que tinha por finalidade a restauração para a instalação do Museu de Touros. O casarão foi tombado pela FJA, mas infelizmente a falta de apoio do poder público municipal terminou por não concretizar o projeto.
Uma das idéias de criação do museu tinha como referência o translado do Marco de Touros da Fortaleza dos Reis Magos, onde se encontra atualmente, para o Museu de Touros. Para isso a população foi mobilizada, através de abaixo-assinado; ato esse que contou com a cobertura da Tv Cabugi, no lançamento daquela iniciativa.
Touros, indiscutivelmente, é um município com história e cultura riquíssimas. Não é preciso elencar as suas belezas naturais nem muito menos o seu peso histórico. Basta lembrar que a data de fundação do Estado do Rio Grande do Norte é 07 de agosto de 1501, data em que o Marco de Touros foi chantado na praia dos Marcos.
O que ocorre é que para que um município se imponha histórica e culturalmente no contexto político e econômico de uma região, tem que haver iniciativa dos agentes públicos responsáveis pelas ações administrativas. Com exceção do Centro de Turismo, construído na administração Josemar França, em Touros não há nenhuma política ou projeto voltado para o turismo do município.
É preciso que se tenha consciência de que os historiadores, pesquisadores e escritores, pessoas como o saudoso Nilson Patriota, são a referência intelectual para as iniciativas que devem ser geridas por gestores públicos, e não o contrário.
Ações turísticas, em qualquer região, resguardas as características específicas de cada uma delas, têm que estar calcadas no tripé, História, Cultura e Belezas Naturais.
Em Touros, diante do que já foi descrito nos parágrafos anteriores, poderia existir toda uma política vocacionada para o turismo local em que o visitante ou turista pudesse visitar através de passeios de bugres, o Farol do Calcanhar, o maior da América Latina, a Lagoa do Boqueirão, as Grutas de Boa Cica, além de navegar e conhecer o Parracho Seco. Paralelo a isso, uma política de estímulo a implantação de pequenas pousadas, para que hospedem o visitante e ao mesmo tempo seja fonte de renda para a população local. Não se pode fazer turismo pensando somente em norte-americanos e europeus.
Parracho Seco - Foto Natal On line
A matéria do jornalista Carlos Costa, no www.folhadomatogrande.com.br, em que é apresentada a idéia do empresário Carlos Bezerra, de construção de um monumento ao Bom Jesus dos Navegantes, vai ao encontro da fé e dos que reverenciam o padroeiro de Touros. Ao mesmo tempo, apresenta a iniciativa como uma possível redenção econômica do município.
Bom Jesus dos Navegantes
Acho válida a idéia, diante do crescimento do turismo religioso no Brasil; não ficou claro se a proposta apresentada é uma sugestão aos atuais gestores municipais, ou se é um projeto do empresário ou candidato, Carlos Bezerra, para as próximas eleições municipais. Fica a pergunta, quem vai concretizar efetivamente o projeto?
O meu questionamento surge diante do tratamento que é dado aos monumentos construídos em Touros, tomando como exemplo o marco zero da BR 101, construído pelo arquiteto Oscar Niemeyer; até onde eu sei está abandonado.
O município de Touros precisa de bons e exitosos projetos. Projetos estes postos em prática, não podem ser vítimas do descaso público, ou ainda do que bem disse o ex-governador Cortez Pereira de Araújo ao se referir ao RN: o Rio Grande do Norte padece da descontinuidade administrativa.
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