terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Ano novo, ano de mudanças



Na tradição cristã é sempre renovada a esperança de dias melhores nas festividades de final de ano, especialmente na festa do Ano Novo.
Particularmente em Touros, há a coincidência de ser a virada do ano e a festa do padroeiro da cidade, o Bom Jesus dos Navegantes.
2012, em especial, será ano de eleições municipais e alguns nomes já se apresentam ao eleitorado tourense como possíveis candidatos nas eleições de outubro. Esse é um processo natural que faz parte do jogo democrático e é inerente à vida em sociedade.
Na denominada Esquina do Brasil, o poder tem sido mantido nas mãos dos ditos políticos tradicionais. E aí não se confunda políticos tradicionais, com famílias tradicionais. São coisas bastante distintas. O fato de um cidadão ter nascido em uma família tradicional, não é empecilho ou impedimento para que o exercício do poder seja realizado de forma a atender às necessidades do povo.
Na terra do Bom Jesus, desde que passei a compreender como funciona a roda viva do mundo, e aí já se vão cerca de quarenta anos, o poder é exercido sempre de forma repetitiva, quão um círculo vicioso. É aí que mora o problema.
Nesse sentido, o exercício do poder se dá sempre de forma canhestra, sem crescimento e sem avanços significativos nos campos da educação, cultura, turismo, saúde, economia, etc. Ou seja, é a política da mesmice.
Como já acentuei em alguns momentos, em espaços públicos de comunicação, Touros tens boas referências, bons quadros acadêmicos, empresariais, etc, que podem somar em prol do desenvolvimento local. O que ocorre é que se prefere a política da pequenez, em que se opta por quadros desqualificados tecnicamente, preferindo o apadrinhamento político, sem uma gestão mais agressiva em prol de defender bons e criativos projetos para angariar recursos para a ponta do calcanhar.
Em uma região eivada de dificuldades como a do Mato Grande, é impossível querer gerir a máquina pública sem a realização de parcerias com os entes federativos, como também, com o apoio de parlamentares que, efetivamente, destinem emendas e sejam parceiros do crescimento do município, e não sirvam, apenas, para oferecerem jantares pomposos aos prefeitos norte-rio-grandenses, na capital federal.
 Diz o dito popular que por causa de um grito se perde uma boiada. Foi nessa perspectiva que Touros já perdeu a oportunidade de ter, no campo educacional, a sua unidade do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFRN, como também, perdeu a oportunidade, no campo cultural,  de ser incluída no rol de apresentações do pianista Arthur Moreira Lima, neste período natalino, levando música de qualidade aos brasileiros que residem em Touros. Isso é fruto da falta de sintonia e de uma política de comunicação agressiva e que esteja a altura do peso histórico que tem o município de Touros.
Touros tem estatura moral para exigir e demarcar o seu território no cenário institucional do Rio Grande do Norte. A sua história e a sua cultura são os responsáveis por esse lugar reservado e ainda não ocupado.
Assim sendo, alerto aos tourenses que não deixem 2012 ser mais um ano de mesmices. Escolham vereadores realmente comprometidos, com capacidade intelectual para elaborar projetos que sejam direcionados ao benefício da maioria da população. Tirem, definitivamente, da Câmara Municipal de Touros os vereadores chamados popularmente de lagartixas, aqueles que só balançam a cabeça para concordar com tudo que o executivo propõe.
Na área do poder executivo, quando os candidatos forem em suas casas pedirem o voto de vocês eleitores, cobrem quais são os projetos para o quadriênio 2013-2016. Quais as propostas concretas para a área da educação, da saúde, do turismo, da cultura, da economia local, etc.
Exijam das instituições locais (igrejas, sindicatos, Colônia de Pescadores, associações) que promovam debates públicos e convidem os candidatos a prefeito para debaterem os seus programas e as suas propostas de governo. E que vocês, eleitores, também possam questionar os candidatos durante o debate.
Essa, com certeza, será uma prática política inovadora de forma a ajudar você, eleitor, na hora de sua decisão cidadã.
Será que 2012 será um ano realmente novo? Um ano de verdadeiras mudanças? Um ano de projetos inovadores? Com a palavra você eleitor.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Os extraterrestres somos nós

Google/fotos

Desde os tempos da prensa de Gutenberg (1440) até os nossos dias, a humanidade tem passado por verdadeiras revoluções tecnológicas. Uns assimilaram as novas mídias, outros preferiram resistir, por opção. A cada hora são inúmeros modelos de aparelhos celulares, ipods, smartphones e tablets.

Toda essa gama de tecnologia me faz lembrar outras tantas tecnologias utilizadas em um passado recente como as máquinas de datilografia, máquinas de calcular, produtos como os carimbos de madeira, as folhas de papel carbono, etc.

Na área contábil, área de atuação de meu pai, presenciei, dentro de casa, livros imensos de registro de entrada e de saída de mercadorias, utilizados no registro contábil das empresas comerciais. Hoje, as empresas já não precisam deles para esse tipo de registro e muito menos de fechar o ponto comercial, por vários dias, para realizar o balanço, quando afixavam na porta aquele conhecido aviso e/ou cartaz com a frase: “fechado para balanço”.

A chamada revolução tecnológica chega sem pedir licença, ultrapassa etapas, especificamente em um país de 500 anos que enfrentas problemas cruciais na área de educação.

O mais comum hoje em dia no Brasil é a apresentação de dados estatísticos, nos quais se revelam significativas taxas de analfabetismo; a pouca leitura por parte da população brasileira, além do custo elevado no preço dos livros publicados.

A escola, especialmente no ensino básico, quando não é precária fisicamente, sofre pela falta de professores, sem falar nos parcos salários pagos aos mestres, principalmente nas regiões mais pobres do país.
É sabido e notório o esforço do Ministério da Educação em criar os mecanismos para uma significativa melhora do ensino e das condições para que os cidadãos possam correr atrás do prejuízo, no que tange à qualificação educacional e profissional. Como, efetivamente, acreditar que essa estudantada vai se sentir preparada e qualificada para disputar uma vaga no mercado de trabalho, diante dessas constatações?

Por outro lado, é confuso tentar entender como em um país que não conseguiu despertar a paixão e o interesse pela leitura de livros impressos por parte da maioria da população, haja o empenho, por parte dos órgãos gestores da educação nacional, em implantar nas escolas públicas a utilização de tablets em detrimento, possivelmente, do livro impresso.

É reconhecido que especialistas da área já defendem essa tese, como citado em matéria jornalística no site do IG, no dia 13 de abril de 2011: “Ministério da Educação estuda uso de tablets nas escolas públicas”, em que Gilberto Lacerda, especialista em tecnologia da educação da Universidade de Brasília (UnB), avalia: “Estamos vivendo uma revolução e precisamos estar embarcados nelas. Estamos mudando o suporte escrito do papel para o digital. Há um saudosismo em relação ao livro, mas a tendência é o livro desaparecer. O conteúdo, no entanto, não desaparece”.

Nada contra o uso de novas tecnologias no ambiente escolar, especialmente no ambiente universitário, onde já é presente essa interatividade, acesso a bibliotecas digitais, conteúdos disciplinares, menções, notas, e até da comunicação antecipada ao aluno da ausência de um professor, no horário normal da grade acadêmica, evitando que o aluno se desloque até a sede da Universidade.

O preocupante, enfim, não é a entrada da tecnologia na escola de nível fundamental e/ou básico, mas o uso que irá se fazer dela. Sabemos que, em muitos casos e exemplos, quando não fica obsoleta é mal utilizada, por falta prévia de qualificação do professor para aplicabilidade no dia a dia da sala de aula.

Se as previsões forem essas, de uma educação meramente virtual, seremos habitantes de um mundo a distância. Não precisaremos mais interagir presencialmente com o nosso próximo.  Basta tocar na tela e enviar o relatório, a planilha, o questionário, a prova, o resumo, o pagamento, o ponto de vista.

O toque humano, que inclui demonstração de carinho, amizade, afeto e solidariedade, será substituído pelo toque digital, onde reconheceremos que os extraterrestres somos nós e não sabíamos.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

A História, o turismo e o Bom Jesus


Na contracapa do CD Touros - Ivanildo Penha e Convidados, lançado no ano 2000, está a seguinte mensagem: “...um povo que não tem memória é um povo que não tem história, um povo que não tem passado é um povo que não terá futuro”.


Os anos de 1988 e 1989 foram de verdadeira efervescência cultural para a cidade de Touros. Inicialmente houve de 03 a 09 de janeiro de 1988, em palanque montado na praia, a primeira Semana de Cultura, com variadas apresentações (mamulengueiro Chico Daniel, Companhia teatral Alegria, Alegria, Babal, Pedro Mendes e o compositor, conhecido nacionalmente, Bráulio Tavares, além das atrações locais e exposições artesanais, etc.). No ano de 1989 as apresentações foram no Circo da Cultura, da Fundação José Augusto – FJA, montado ao lado do atual ginásio de esportes.

Ainda em janeiro de 1989, foi criada a Fundação Cultural José Porto Filho, idealizada pelo médico Ivanildo Penha, que foi a grande responsável pela edição dos dois produtos culturais existentes na cultura tourense: a reedição do livro do poeta José Porto Filho e o CD Ivanildo Penha e Convidados.

Todas essas ações contaram com a participação efetiva do professor João Bosco Teixeira, do médico Ivanildo Penha, do bancário aposentado Iran Potiguar Barroso e dos jornalistas Roberto Patriota e Luiz Penha.
Nesse mesmo período foi adquirido, por iniciativa de Ivanildo Penha, o casarão em que residia o senhor Manoel Cândido, e que tinha por finalidade a restauração para a instalação do Museu de Touros. O casarão foi tombado pela FJA, mas infelizmente a falta de apoio do poder público municipal terminou por não concretizar o projeto.

Uma das idéias de criação do museu tinha como referência o translado do Marco de Touros da Fortaleza dos Reis Magos, onde se encontra atualmente, para o Museu de Touros. Para isso a população foi mobilizada, através de abaixo-assinado; ato esse que contou com a cobertura da Tv Cabugi, no lançamento daquela iniciativa.

Touros, indiscutivelmente, é um município com história e cultura riquíssimas. Não é preciso elencar as suas belezas naturais nem muito menos o seu peso histórico. Basta lembrar que a data de fundação do Estado do Rio Grande do Norte é 07 de agosto de 1501, data em que o Marco de Touros foi chantado na praia dos Marcos.

O que ocorre é que para que um município se imponha histórica e culturalmente no contexto político e econômico de uma região, tem que haver iniciativa dos agentes públicos responsáveis pelas ações administrativas. Com exceção do Centro de Turismo, construído na administração Josemar França, em Touros não há nenhuma política ou projeto voltado para o turismo do município.

É preciso que se tenha consciência de que os historiadores, pesquisadores e escritores, pessoas como o saudoso Nilson Patriota, são a referência intelectual para as iniciativas que devem ser geridas por gestores públicos, e não o contrário.

Ações turísticas, em qualquer região, resguardas as características específicas de cada uma delas, têm que estar calcadas no tripé, História, Cultura e Belezas Naturais.

Em Touros, diante do que já foi descrito nos parágrafos anteriores, poderia existir toda uma política vocacionada para o turismo local em que o visitante ou turista pudesse visitar através de passeios de bugres, o Farol do Calcanhar, o maior da América Latina, a Lagoa do Boqueirão, as Grutas de Boa Cica, além de navegar e conhecer o Parracho Seco. Paralelo a isso, uma política de estímulo a implantação de pequenas pousadas, para que hospedem o visitante e ao mesmo tempo seja fonte de renda para a população local. Não se pode fazer turismo pensando somente em norte-americanos e europeus.

Parracho Seco - Foto Natal On line

A matéria do jornalista Carlos Costa, no www.folhadomatogrande.com.br, em que é apresentada a idéia do empresário Carlos Bezerra, de construção de um monumento ao Bom Jesus dos Navegantes, vai ao encontro da fé e dos que reverenciam o padroeiro de Touros. Ao mesmo tempo, apresenta a iniciativa como uma possível redenção econômica do município.

Bom Jesus dos Navegantes

Acho válida a idéia, diante do crescimento do turismo religioso no Brasil; não ficou claro se a proposta apresentada é uma sugestão aos atuais gestores municipais, ou se é um projeto do empresário ou candidato, Carlos Bezerra, para as próximas eleições municipais. Fica a pergunta, quem vai concretizar efetivamente o projeto?

O meu questionamento surge diante do tratamento que é dado aos monumentos construídos em Touros, tomando como exemplo o marco zero da BR 101, construído pelo arquiteto Oscar Niemeyer; até onde eu sei está abandonado.

O município de Touros precisa de bons e exitosos projetos. Projetos estes postos em prática, não podem ser vítimas do descaso público, ou ainda do que bem disse o ex-governador Cortez Pereira de Araújo ao se referir ao RN: o Rio Grande do Norte padece da descontinuidade administrativa.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Lembranças de Fulano, Sicrano e Beltrano

Imagem blog:educomunicação

Em um dia de profunda melancolia, o professor João da Silva resolveu remeter uma carta para o jornal mais lido de sua cidade, onde desabafou sobre a realidade da educação e sobre o movimento grevista iniciado pelos professores da escola Esperança no Amanhã, onde leciona, juntamente com todos os educadores da rede estadual de ensino.

Estou há trinta e cinco anos no magistério público. Foi a profissão que escolhi e abracei para me realizar profissionalmente. No começo me sentia valorizado, era respeitado pelos meus alunos e me orgulhava de vê-los chegar a uma graduação e saber que dei minha contribuição para que eles tivessem a oportunidade da realização profissional, assim como eu tive.

Passaram-se os anos, o país cresceu, se desenvolveu, mas algumas categorias profissionais passaram a ser vítimas do descaso e do descompromisso com o futuro. Esse descompromisso teve como uma de suas maiores vítimas os profissionais do magistério.

Ao olhar para um passado não muito distante, vejo o quanto está desvalorizada a profissão que abracei. Ela não desperta o menor interesse por parte dos jovens. Contraditoriamente, dizem até que aqueles que não estudaram o bastante para galgar outras profissões terminam optando por ser professor. Vejam a que ponto nós chegamos.

O meu país, hoje, ainda tem uma taxa significativa de analfabetos, os critérios de avaliação nas escolas são questionáveis e a chamada progressão continuada é objeto de críticas, dentre outros questionamentos passíveis de discussão quando se trata da qualidade da educação.

Ao refletir e ao mesmo tempo revisitar instantes vivenciados em sala de aula, relembro nomes de alunos, os quais ficaram marcados em minha memória, dentre tantos nomes de jovens com as quais convivi nas mais diversas escolas em que lecionei.

Dos nomes de alunos que convivi e que me recordo nesse momento, destacam-se Fulano, Sicrano e Beltrano. Coincidentemente, Fulano é o atual Governador do Estado, Sicrano é o Presidente do Tribunal de Justiça e Beltrano é Deputado Estadual.

Atualmente a minha categoria profissional está envolvida em mais um movimento grevista, lutando por salários mais dignos, mas a proposta que Fulano oferece é irrisória e indigna para o exercício pleno da profissão.

Em função do prolongamento da greve, Fulano resolveu levar a discussão para as instâncias judiciárias. Sicrano, que é Presidente do Tribunal de Justiça, juntamente com os seus pares, decidiu pela ilegalidade da greve.

Beltrano, que é deputado, eleito pelo povo, declarou em um jornal da cidade que todos os professores grevistas deveriam ser demitidos, já que não queriam trabalhar.

Diante de tais fatos, fico a me perguntar onde foi que eu errei durante esses trinta e cinco anos de magistério.

Com todos esses contratempos, ainda acredito que é impossível pensar um futuro sem educação. Educação de qualidade. Educação com professor bem pago em sala de aula, ajudando a construir cidadãos comprometidos.

Mesmo assim, por tanto acreditar, faço meus os versos do poeta: “Por tanto amor, por tanta emoção, a vida me fez assim...”. Concluiu o professor João da Silva.

domingo, 3 de julho de 2011

sábado, 2 de julho de 2011


ABC do Sertão
Composição: Zé Dantas / Luiz Gonzaga

Lá no meu sertão pros caboclo lê
Têm que aprender um outro ABC
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê

O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê

Até o ypsilon lá é pissilone
O eme é mê, O ene é nê
O efe é fê, o gê chama-se guê
Na escola é engraçado ouvir-se tanto "ê"
A, bê, cê, dê,
Fê, guê, lê, mê,
Nê, pê, quê, rê,
Tê, vê e zê

Lá no meu sertão pros caboclo lê
Têm que aprender outro ABC
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê

O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê

Até o ypsilon lá é pissilone
O eme é mê, O ene é nê
O efe é fê, o gê chama-se guê
Na escola é engraçado ouvir-se tanto "ê"
A, bê, cê, dê,
Fê, guê, lê, mê,
Nê, pê, quê, rê,
Tê, vê e zê

A, bê, cê, dê,
Fê, guê, lê, mê,
Nê, pê, quê, rê,
Tê, vê e zê

Atenção que eu vou ensinar o ABC
A, bê, cê, dê, e
Fê, guê, agâ, i, ji,
ka, lê, mê, nê, o,
pê, quê, rê, ci
Tê, u, vê, xis, pissilone e zê


Língua
Caetano Veloso

Gosta de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões

Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódias
E uma profusão de paródias

Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que essa lhe é superior?
E deixe os Portugais morrerem à míngua
"Minha pátria é minha língua"
Fala Mangueira! Fala!

Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó

O que quer
O que pode esta língua?

Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas

E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas!
Vamos na velô da dicção choo-choo de Carmem Miranda
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate
E - xeque-mate - explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homem
Lobo do lobo do lobo do homem
Adoro nomes
Nomes em ã
De coisas como rã e ímã
Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã
Nomes de nomes
Como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé
e Maria da Fé

Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó

O que quer
O que pode esta língua?

Se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção

Está provado que só é possível filosofar em alemão
Blitz quer dizer corisco
Hollywood quer dizer Azevedo
E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo meu medo
A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria, tenho mátria
E quero frátria
Poesia concreta, prosa caótica
Ótica futura
Samba-rap, chic-left com banana
(- Será que ele está no Pão de Açúcar?
- Tá craude brô
- Você e tu
- Lhe amo
- Qué queu te faço, nego?
- Bote ligeiro!
- Ma'de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado!
- Ó Tavinho, põe camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho!
- I like to spend some time in Mozambique
- Arigatô, arigatô!)
Nós canto-falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem
Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem, que falem.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Os gays e a Bíblia - Frei Betto



Foto: camacarifatosefotos.com.br


É no mínimo surpreendente constatar as pressões sobre o Senado para evitar a lei que criminaliza a homofobia. Sofrem de amnésia os que insistem em segregar, discriminar, satanizar e condenar os casais homoafetivos. No tempo de Jesus, os segregados eram os pagãos, os doentes, os que exerciam determinadas atividades profissionais, como açougueiros e fiscais de renda. Com todos esses Jesus teve uma atitude inclusiva. Mais tarde, vitimizaram indígenas, negros, hereges e judeus. Hoje, homossexuais, muçulmanos e migrantes pobres (incluídas as “pessoas diferenciadas”…).
Relações entre pessoas do mesmo sexo ainda são ilegais em mais de 80 nações. Em alguns países islâmicos elas são punidas com castigos físicos ou pena de morte (Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Nigéria etc). No 60º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 2008, 27 países-membros da União Europeia assinaram resolução à ONU pela “despenalização universal da homossexualidade”.

A Igreja Católica deu um pequeno passo adiante ao incluir no seu catecismo a exigência de se evitar qualquer discriminação a homossexuais. No entanto, silenciam as autoridades eclesiásticas quando se trata de se pronunciar contra a homofobia. E, no entanto, se escutou sua discordância à decisão do STF ao aprovar o direito de união civil dos homoafetivos.
Ninguém escolhe ser homo ou heterossexual. A pessoa nasce assim. E, à luz do Evangelho, a Igreja não tem o direito de encarar ninguém como homo ou hetero, e sim como filho de Deus, chamado à comunhão com Ele e com o próximo, destinatário da graça divina.
São alarmantes os índices de agressões e assassinatos de homossexuais no Brasil. A urgência de uma lei contra a violência simbólica, que instaura procedimento social e fomenta a cultura da satanização.
A Igreja Católica já não condena homossexuais, mas impede que eles manifestem o seu amor por pessoas do mesmo sexo. Ora, todo amor não decorre de Deus? Não diz a Carta de João (I,7) que “quem ama conhece a Deus” (observe que João não diz que quem conhece a Deus ama…).
Por que fingir ignorar que o amor exige união e querer que essa união permaneça à margem da lei? No matrimônio são os noivos os verdadeiros ministros. E não o padre, como muitos imaginam. Pode a teologia negar a essencial sacramentalidade da união de duas pessoas que se amam, ainda que do mesmo sexo?
Ora, direis, ouvir a Bíblia! Sim, no contexto patriarcal em que foi escrita seria estranho aprovar o homossexualismo. Mas muitas passagens o subtendem, como o amor entre Davi por Jônatas (I Samuel 18), o centurião romano interessado na cura de seu servo (Lucas 7) e os “eunucos de nascença” (Mateus 19). E a tomar a Bíblia literalmente, teríamos que passar ao fio da espada todos que professam crenças diferentes da nossa e odiar pai e mãe para verdadeiramente seguir a Jesus.
Há que passar da hermenêutica singularizadora para a hermenêutica pluralizadora. Ontem, a Igreja Católica acusava os judeus de assassinos de Jesus; condenava ao limbo crianças mortas sem batismo; considerava legítima a escravidão;e censurava o empréstimo a juros. Por que excluir casais homoafetivos de direitos civis e religiosos?
Pecado é aceitar os mecanismos de exclusão e selecionar seres humanos por fatores biológicos, raciais, étnicos ou sexuais. Todos são filhos amados por Deus. Todos têm como vocação essencial amar e ser amados. A lei é feita para a pessoa, insiste Jesus, e não a pessoa para a lei.