sábado, 26 de março de 2011

27 de março - TOUROS - 176 anos de emancipação política




Acervo: Carlos Pacheco

O município de Touros, distante 100 km de Natal, é um dos maiores cartões postais, no tocante à sua importância histórico-cultural, dentro do contexto norte-rio-grandense. Terra onde teve início a conquista do Estado, com a chegada da expedição de Gaspar de Lemos, em 07 de agosto de 1501, portanto, há quinhentos e dez anos, na chamada Praia dos Marcos, onde foi chantado o marco colonial português; atualmente na Fortaleza dos Reis Magos.

Outros monumentos de destaque são os canhões do século XVIII; a igreja matriz do Bom Jesus dos Navegantes, com construção datada do ano de 1800; o farol do Calcanhar (o segundo maior do mundo e o mais alto da América Latina).

Como expressão folclórica, que mantém viva a tradição, o grupo, As Bandeirinhas (manifestação cultural existente, apenas, na cidade de Touros). Mulheres que se reúnem na casa da responsável pelo grupo e dançam até a meia-noite, quando o cortejo sai às ruas, acompanhado de um sanfoneiro, cantando músicas em louvor a Santo Antônio, São João e São Pedro; em seguida vão para o banho de rio.

Na poesia, autores de destaque como José Porto Filho, ex-prefeito e ex-diretor do clube de regatas carioca, Vasco da Gama, autor do livro Emoções Rimadas (1946); Luis Patriota, imortal da Academia Potiguar de Letras, autor de Livro D’alma (1922) e Poema das Jangadas (1935); José Francisco de Brito, autor de Cisco da Praia, e Ferreira Itajubá.

Na arte musical, Eduardo Medeiros, autor da melodia da Serenata do Pescador, a popular “Praieira”, em parceria com Otoniel Menezes; Pereira, Quinca Dú, José Maria, Raimundo Colônia e Manoel Ferreira da Costa (Manoel de Zizinho), bandolinista e violonista, residente em Natal (RN), com inúmeros métodos e partituras musicais, editados para os interessados na arte instrumental.

A literatura tem nomes como Antônio Nilson Patriota, imortal da Academia Norte-rio-grandense de Letras, autor de Itajubá Esquecido, O Vôo do Pássaro e o mais recente, Touros, uma Cidade do Brasil, além do Cel. Geraldo Gonzaga que escreveu o livro, Touros à meia tinta. A cantoria de viola tem o Domingos Tomás e Severino Ferreira, do distrito Boqueirão, falecido em acidente automobilístico.

Em janeiro de 1988, a cidade teve a oportunidade do resgate dos seus valores histórico-culturais, quando da realização da Primeira Semana de Cultura, em que as mais variadas expressões artísticas da região, se apresentaram em um palanque armado à beira-mar, como também, exposições do artesanato local e a participação da comunidade, desde os mais jovens aos contemporâneos e amigos dos poetas da “Esquina do Brasil”.

No ano dois mil, precisamente em maio, foi lançados o cd, Touros – Ivanildo Penha e convidados, com poesias musicadas de Porto Filho e Luis Patriota, além do Pe. Antônio Antas, autor do hino do padroeiro, o Bom Jesus dos Navegantes. Participaram, ainda, Airton Ramalho e os novos autores como Carlos Penha, Luiz Cláudio, autor deste artigo, e Ivanildo Penha, autor do hino oficial da cidade.

A vila foi a porta de entrada para os conquistadores europeus que, desbravando os oceanos, conduziram o seu marco ao novo mundo, como nos diz o poeta no seu hino:



Hino de Touros



Autor: Ivanildo Cortez de Souza


Quando o índio viu um barco
Navegando em mar profundo
Era um bravo conduzindo
O seu Marco ao Novo Mundo

Foi nascendo assim um grande povo
Que mais tarde ao negro uniu
Transformando tudo em mil amores
Nesta esquina do Brasil.

Touros, coração querido
Porto dos antigos
Explosão de cores
Como o verde do teu mar
Ou o teu céu azul
Da cor da tua bandeira

Na alegria ou na dor
Verás que o nosso amor
É puro e verdadeiro!

Das tuas pedras
As águas dos teus rios
Dos teus campos ao luar
És prá mim
A terra mais amada
Desta terra potiguar!

És farol que iluminas
Viajantes no seu rumo
Tens na tua juventude
Teu tesouro mais fecundo

Quando em mim a vida for embora
Sei que nada foi em vão
Levarei a mais doce ventura
De ser filho deste chão.

segunda-feira, 14 de março de 2011

14 de março - Dia da Poesia



Neste Dia da Poesia, o poema Tarrafas, do folclorista Deífilo Gurgel, musicado pelo meu amigo e parceiro musical, Iúri de Andrade (in memoriam).


TARRAFAS - Deífilo Gurgel

À sombra do cajueiro que floresce junto ao mar
Paciente o pescador tece a rede de pescar
Enquanto a mão se entretece nesse mister singular
Outra mão por trás do tempo vai tecendo sem cessar
A tarrafa que algum dia, vai pescar o pescador
Juntamente com seu tédio, seu sorriso e sua dor.

E tece com tal mestria essa tarrafa de vento
Que o pescador nunca pensa, quando pesca o seu sustento
Que a morte o está pescando, lentamente, dia a dia
Nessa embora inevitável, invisível pescaria.